quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

HOSPITAL SANTA CATARINA É DESTAQUE NO JORNAL NACIONAL

Médicos do segundo maior hospital do Rio Grande do Norte expuseram as condições da maternidade onde um bebê nasceu morto na segunda-feira.
Não era o primeiro filho de Mirlene dos Santos, mas conseguir atendimento nunca tinha sido tão difícil. “Fui para Januário Cicco. Cheguei lá e a menina disse que não tinha pediatra, então não ia ficar comigo e me encaminhou para cá. Quando eu cheguei no Santa Catarina, estava superlotado, me encaminharam para a maternidade da Doze", conta Mirlene.
Miguel acabou nascendo na quarta-feira à noite no Hospital Santa Catarina - o segundo maior do estado - referência para mais de 400 mil pessoas. O bebê sequer chegou à enfermaria, que está lotada. Outras sete mães com seus filhos também estão em macas no corredor da ala pré-parto.
A principal sala de parto do Hospital Santa Catarina, onde acontece a maioria dos nascimentos e os bebês recebem os primeiros atendimentos, é um ambiente cheio de insetos, sujeira e infiltrações.
Procedimentos básicos estão deixando de ser feitos por falta de estrutura no hospital. “Esses bebês deveriam estar em alojamentos conjuntos, em uma enfermaria onde deveria ter os seus primeiros cuidados: o banho, principalmente, e a administração de Vitamina K", afirma a neonatalogista Giana Escóssia.
A dona-de-casa Ana Paula Silvino, grávida de oito meses, que está internada por causa de pressão alta, desabafa: “Eu fico olhando assim, a gente fica com medo de chegar a hora da gente ganhar neném e ficar na mesma situação”, ela confessa.
Os médicos admitem que a situação é crítica. Segundo eles, há apenas um anestesista de plantão e o número de obstetras é insuficiente.
“O grande medo da gente é que, de repente, cheguem duas emergências e a gente tenha que escolher quem vive e quem morre, já que o anestesista é impedido, por lei, de fazer duas anestesistas simultâneas”, explica a anestesista Gleide Santos Tomas.
Na segunda-feira, um bebê foi retirado sem vida da barriga da mãe. Os médicos disseram que ele tinha morrido 24 horas antes, mas a família denuncia demora no atendimento.
“Eu vim no domingo para cá, quando eu cheguei, o médico me examinou e disse que eu não tava em trabalho de parto, que eu estava só com dois centímetros. Eu fiquei esperando. Aí, a criança nasceu morta”, denuncia uma vítima.
O secretário estadual de Saúde do Rio Grande do Norte vai convocar uma reunião de emergência para reformular as escalas dos médicos no Hospital Santa Catarina e prometeu resolver os problemas até segunda-feira.
A Secretaria de Saúde de Natal declarou vai contratar cem médicos até o fim do mês que vem. E a maternidade-escola Januária Cicco, vinculada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, informou que o número de partos foi reduzido na unidade porque o contrato com a cooperativa dos pediatras neonatais terminou.

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