"É preciso entender uma coisa a respeito desta crise : ela não é igual a nenhuma crise desde 1929. Trata-se de uma crise financeira que contaminou completamente o setor real das principais economias mundiais. Nenhuma crise, tais como as que ocorreram no primeiro mundo em 1974, 1987, 2000, 2001, etc., é semelhante a esta.
Estamos em 1929 e as autoridades têm de agir dentro de um contexto excepcionalíssimo (se é que existe esta palavra!). A redução da taxa de juros pelos principais bancos centrais do mundo, de forma coordenada, é apenas um passo para a contenção de curto prazo da crise. E foi um passo pequenino.
Os BCs precisam reduzir a taxa de juros de forma excepcional, para algo como ZERO ! Apenas assim, o dinheiro fluirá para títulos e ativos privados e descongelará os fluxos financeiros.
Os BCs têm de inundar a economia de dinheiro ! Somente depois de tratar do curtíssimo prazo é que eles e os governos poderão tratar das imensas mazelas que se espalharam pelas economias. Muito do que virá nos próximos anos depende do que ocorrerá neste curtíssimo prazo.
Para o Brasil, o momento é desafiador, mas a nossa economia vai sofrer menos. Isso não quer dizer que as dores aqui serão imperceptíveis ! Ao contrário : serão fortes ! Basta ver a cotação do dólar para sentir o tamanho do problema que temos pela frente.
Neste sentido, os discursos de Lula não são cabíveis na nossa opinião ! O presidente está certo quando menciona as irresponsabilidades cometidas mundo afora e a inoperância de órgãos como o FMI.
Todavia, seria melhor que Lula articulasse um discurso mais coerente com as medidas concretas já tomadas pelo próprio governo e pelo BC, e as que ainda virão.
O Brasil é um país mais forte hoje que há dez anos. Mas não é tão forte quanto o tom de voz de S. Exa."
Francisco Petros

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